sexta-feira, 26 de dezembro de 2008

O que sobrou do Natal.


Chego, preparada e ansiosa, carregando meus presentes e algumas delícias em meus braços. Sou recebida com sorrisos e gritos, muitos gritos. Todos me olham, e por um momento acho até que não me reconhecem, sinto um pouco de medo...o ano que passou me fez bem? Estou mais magra? Mais bela? Mais velha? Meu cabelo está do mesmo jeito de sempre? Meu sorriso corresponde à felicidade que meu coração sente? São perguntas e apenas isso, não deixam de ser. Não tenho tempo para respostas, cujas perguntas eu mesma fiz. Procuro um lugar para livrar minhas mão ocupadas, afinal são abraços que me esperam. Começo a abraçar aquelas pessoas que preencheram minha vida, toda ela. Sinto o cheiro de cada um, cheiro de colo de Deus. Abraço-os, olho bem para seus rostos, fascinada. São eles, meus amados, amores eternos, saudade constante. Aquele primo do verão de 1998, aquela tia falante, engraçada e espevitada que insisto em comparar comigo mesma. Meu avô tão cansado e minha avó tão bela e terna no alto dos seus sessenta e tantos anos. Minha prima calada e quieta, sempre na dela, que no máximo dá um abraço sem emoção, porém verdadeiro. Aquele tio chato, que continua me chamando pelo apelido de infância, e repete várias vezes um "Lulu" insuportável. A tia amorosa, que já cantou para o sono chegar e já preparou doce para o choro cessar. Aqueles que a cada ano estão diferentes, cresceram, engordaram muito, estão mais velhos e se vestem de maneira engraçada e diferente. Têm também aqueles cujo tempo agrega, aqueles que chegam na família e trazem mais luz, mais vida. Aumentam as cadeiras ao redor da mesa e ocupam mais um lugar no amigo-secreto. Outro ano, outra alegria. Tudo o que fiz o ano todo não compensa a satisfação de estar cercada pelas pessoas que me amaram desde meu primeiro dia de vida, que me viram crescer e tornar-me o que sou hoje. É pouco tempo para estar junto, não consigo dizer a todos o quanto os amo, porém conforta-me saber que existem e que, de acordo com a vontade de Deus, os verei no próximo ano, num novo e novamente inesquecível Natal.

terça-feira, 23 de dezembro de 2008

Viver, escrever, ser.


Escrevo tão e somente para sentir-me viva. É meu oxigênio, sangue que pulsa em minhas veias, enorme desejo de respirar livre. Escrevo e sinto meu coração acelerar de êxtase, sinto meu corpo ir e voltar ao infinito em menos de minutos, sinto a força da renovação, a fé de espírito. Escrever sempre foi meu refúgio, amigo oculto, passo dado rumo ao céu. Não saberia seguir adiante sem explodir, sem falar tudo que engasga em minh'alma. Não saberia viver, então. Sou isso, uma força contida em palavras cheias de vida, sou um enigma, uma interrogação. Não me conheço, até que eu mesma me descreva, me exponha, fale sobre mim intimamente e subjetivamente através do que é a minha vida: o que escrevo, sou, permaneço.

quarta-feira, 3 de dezembro de 2008

Tão perto.



Estou tão perto de você que chego a sentir tua respiração pausada, as leves batidas contidas do teu coração, a tua mão suada, teus passos apressados correndo sempre contra o tempo, contra a dor. Posso sentir tão de perto esse teu cheiro, cheiro que não há em mais ninguém, cheiro de felicidade, gotas de felicidade que insisto em tentar guardar e eternizar, em vão. Ando tão perto, tão contigo, dentro dos teus dias e da tua história, que esqueci o que é passar um dia sem teu sorriso. Preciso vê-lo, tê-lo, tocá-lo, aquecê-lo num beijo, torná-lo meu. Nós estamos tão perto, que mesmo na ausência, posso te sentir em mim, te tenho, posso até ouvir teu riso doce, em alto e bom som. Meu coração está tão perto do teu, quase ocupando o mesmo peito, o mesmo espaço apertado, que chega a sufocar-me com tua vida plena, tua emoção exagerada e com essa estranha mania de achar que todos são iguais a você: intenso, extraordinariamente brilhante, lindo.

sábado, 15 de novembro de 2008

Viva para ser feliz



Apesar de ser bem realista, gosto de ficar pensando em como as coisas poderiam ser, como seria se fosse de outra maneira, o que fazer para ser melhor. Estou sempre sonhando, encontrando possibilidades e meios menos dolorosos de enxergar as situações mais difíceis, descobrindo caminhos menos tortuosos, estradas mais iluminadas, caminhos mais felizes. Gosto de pensar que tudo vai melhorar, que os desejos vão acontecer. Prova disso é a frase que digo todos os dias ao acordar e olhar-me, ainda despenteada e meio tonta, no espelho: -Hoje eu vou ser feliz! Esse passou a ser o meu primeiro pensamento do dia, já faz algum tempo. É o que quero, o que desejo todas as horas que respiro. De primeiro pensamento, essa frase vira realidade. Todos os meus dias são cheios de risadas, de abraços apertados, de pratos deliciosos e gente, muita gente. Claro que também há preocupações, tristezas, decepções. Mas nada que seja maior do que minha vontade absoluta e verdadeira de ser feliz. Minha lei é clara e precisa: só vivemos uma vez. E não é como escrever uma palavra errada e apagá-la com a borracha para fazer o certo. Vida não tem ensaio, não tem nada que apague um dia ruim e mal aproveitado. Eu vivo cada dia, de cada vez, da melhor forma possível. Dá certo, eu garanto!

sexta-feira, 31 de outubro de 2008

Espelho


Ela é curiosa, arteira, cheia de vida. Não para um segundo, tem as respostas na ponta da língua, é briguenta, bagunceira, gosta de festa, faz a festa acontecer. Tanta graça, tanta manha, um doce. Tanto talento, tanto balanço, um desejo de viver. Ela é só, não tem ninguém ao mesmo tempo que tem. Ela veio de estrela, caiu de um cometa, ninguém sabe, ninguém nunca viu. Dança e encanta, balança o corpo cheiroso na primavera dos dias chuvosos. Ela faz verão, é o calor, tem sabor de felicidade, aquele sabor que quase arde de tão intenso, de tão intenso.
Também sente solidão, sente frio, fica olhando os pingos da chuva caírem e molharem seu rosto bonito. Sente medo, tanto medo, quase um arrepio.
É intensa, linda, leve, misteriosa, beleza de ser. Procura-se a menina, encontra-se a mulher. Acha-se a mulher, e o que se vê é a menina.

sábado, 25 de outubro de 2008

O silêncio dos amantes


Já faz umas semanas que recebi um livro. Uma doce surpresa daquele que sabe das minhas maiores paixões, das minhas estranhas manias e do meu ponto fraco quando quer me fazer um agrado. Ele sabe que tenho delírio por livros e da minha rebeldia quase inocente de lê-los em menos de três dias, talvez cinco. O livro chama-se O Silêncio dos Amantes, de Lya Luft. Uma reunião de contos lindos, interligados, apaixontantes...bem do jeito que eu gosto. Todos com um título inicial convidativo e três ou quatro folhas de pura sabedoria e prazer. Uma delícia, um aconchego, uma fuga e refúgio. Alívio imediato. Realmente, uma surpresa linda, inesquecível. O livro fala sobre as relações interpessoais e de como o silêncio está presente nelas. É uma síntese da vida, reune momentos e as miúdas peças do nosso quebra-cabeça cotidiano.Fala sobre morte, vida, suicídio, pais e filhos; Fala sobre sonhos, romances, desejos de voar, paixões aventureiras e traições cruéis e de como o silêncio, por menos intencional que seja, tem uma força incrível. Eu, intimamente sou amante do silêncio. Gosto de escutar minha respiração, o gemido dos pequenos seres, aqueles sons quase silenciosos que só se permitem escutar através da verdadeira comunhão com o vazio, com o nada. Porém o silêncio que se fala no livro é o que trata da falta de comunicação entre as pessoas, da falta de coragem de pronunciar um salva-me ou um adeus que poderia ter sido evitado. Esse silêncio triste que se trava entre os velhos amantes, entre as mães e os filhos que estão crescendo, entre as pessoas que não se conhecem. Esse silêncio corrosivo, destruidor; o silêncio que por ser tão grande fere, destrói, mata e acaba com esperanças, justamente por não criar nenhuma. Ao acabar minha leitura entendi então, o porque daquele presente, do inesperado sorriso esperando-me com uma sacola da livraria. Eu precisava cuidar do meu silêncio, falar e gritar o que estou sentindo e me incomoda tanto, expor minhas vontades, reagir. Ando tão absorta em pensamentos, cheia de trabalho e preocupação que esqueci dele, logo ele...que entende tão bem o meu ser, que está atento a toda mudança, a todo movimento inesperado e essa constante instabilidade que insisto em manter. Essa foi a forma que ele encontrou de não ficar mudo, de me resgatar para a vida dele, de me fazer abrir os olhos e falar. De acabar com essa mania de escutar e guardar, como se fosse mais uma foto envelhecida que vai para o fundo do baú, sendo depois de muito tempo esquecida em meio as dores.
Entendi. Não silenciarei, meu amor.

sexta-feira, 10 de outubro de 2008

Escolho ter tempo.



Tenho pensado muito em escolhas ultimamente. Talvez porque estou em constante contato com elas. Escolher, intimamente, sempre foi muito difícil para mim. Chego a sérias conclusões de que escolhas não são fáceis, não são rápidas e não me agradam, nem um pouco. Entre o emprego e a independência, ou a faculdade e o sonho. O que um me tira, o outro me dá. E com os dois, estou cansada, muito cansada. Pareço arrastar-me todos os dias em direção a ambos. Sempre cansada, sempre cansada. Tão cansada. Sou vinte e vezes o que posso ser. Sou apenas uma, mas ao fim do dia, vou-me juntando, catando meus pedaços pela casa...arrastando meu corpo em direção ao chuveiro, à cama, ao sono. Sempre tive uma vontade maior do que minhas necessidades e, eventualmente, percebi de que as minhas possibilidades também. Meu espírito sempre foi grande, aventureiro. Sempre segui caminhos maiores do que os atalhos que surgem na vida. Eu gosto mesmo de preencher meus espaços vazios, meus longos minutos e eternos movimentos do ponteiro...Porém, de uns tempos para cá, me vejo cansada demais, querendo mais do que 24 horas, ou que tudo dure menos, um pouco menos para que eu também encontre um tempo para mim, para as minhas lágrimas contidas, para meus sonhos esquecidos, para meu sono necessário, para minhas viagens sempre deixadas para o próximo aniversário ou então, para olhar-me no espelho e perceber que já não sou a mesma, o tempo passa rápido e envelheço mais rápido ainda.


"Não tenho tempo para mais nada, ser feliz me consome muito", já dizia a sábia Clarice.

sábado, 4 de outubro de 2008

Eu e minha liberdade.


Todos sentem desejos de voar...Não, não estou brincando e não digo nenhuma mentira. Se eu pudesse, voaria tanto que minhas delicadas asas ficariam cansadas, pesadas...No entanto, repousaria na torre mais alta, bem perto de tocar o céu e voaria novamente sem destino, sem tempo. Coragem é algo realmente raro, porém sobra-me. Sou, inescapavelmente, ousada demais para minha própria vida. Sou uma ameaça a mim mesmo. Falo sem pensar e agir por impulso já virou rotina. Corro riscos, adoro-os. Sinto a liberdade na sua infinita paixão encarnada. Sou um trampolim, um ponto de partida de mim mesma, um pára-quedas que não abre quando se depara com a queda livre. QUEDA LIVRE. LIVRE QUEDA! Doce sensação de sentir-se viva.
E para me sentir viva eu realmente preciso respirar fundo, tocar o céu, sentir o chão, a dor, ouvir uma canção, suspirar, repousar, não pensar, calar, voar.

quinta-feira, 11 de setembro de 2008

Estranho.



Você já parou para observar quantos rostos diferentes surgem em apenas um dia? Quantos sorrisos diferentes pelas ruas e aquele sabor diferente de gente que não se sabe de onde veio, se saiu do chão, ou se vem do céu. Cruza o sinal, dobra a esquina, passos rápidos, pressa de chegar... Você já olhou para uma foto sua e viu um estranho no fundo? Te fez perguntar, quantos estranhos tem uma foto sua? Quantos momentos da vida dos outros nós fizemos parte? Ou se fomos parte da vida de alguém quando os sonhos dessa pessoa se tornaram realidade? Ou se estivemos lá, quando os sonhos delas morreram? Nós continuamos a tentar nos aproximar? Como se fôssemos destinados a estar lá, ou o tiro nos pegou de surpresa? Pense: podemos ser uma grande parte da vida de alguém... e nem saber. Já olhou no fundo dos olhos dessas pessoas? Experimentou sorrir também, falar algo, puxar assunto, convidar para dançar? Utopicamente, acabo... Apenas acredito na humanização, coração, paixão.

sábado, 30 de agosto de 2008

Volta.


Ouça... está ouvindo, sentindo? Realmente consegue escutar? É o canto, a velha rima das canções coloridas, o bater das asas de uma mariposa serelepe, o som da vida que volta a pulsar.
Dê um pouco de atenção aos sons, aos tons, ao sabor da felicidade. Saborei o doce desconhecido e a amarga dor que acabará sendo lição, aprendizado, renovação, esperança que não deve ser perdida.
Tire a roupa, liberte-se, solte-se. Voe para longe e retorne tão perto, o mais perto que possa chegar. Entre, arrisque passos em direção ao brilho vivo dos sorrisos mais sinceros e limpos, abrace os abraços que estão abertos, beije os rostos mais tristes que possa encontrar. Faça-os mudar, desarme-os, molde-os.
Respire fundo. Aspire todo o ar que você conseguir o máximo de tempo possível. Sinta-o entrando rápido e dilatando seus pulmões, sinta a pureza, a leveza, a pequena alegria de poder respirar, de não ter de parar, de viver.
Por fim, segure novamente minha mão e dessa vez não a solte. Não agora, não nesse tempo, nesse momento, não tão depressa.
Voltei, partida. Trouxe de volta toda a minha bagagem. Ainda bem que você esperou e que os ventos que sopram sempre trazem meu barco para o mesmo lugar.

domingo, 24 de agosto de 2008

Despedida


Deixei o beijo roubado, guardado, lembrado, desconsolado. Larguei aquele aperto de mão grande e firme. Busquei-o novamente, mas era tarde, tarde demais, já tinha ido embora. Para longe, para onde? Por onde... Deixei o sabor misturar-se a dor, a perda infinita de sorrisos raros e a angústias doces, tão sentidas que já nem dói tanto assim, não dói mais. Deixei escapar o medo, aquele desejo ardido, aquele grito inaudível, aquela velha hora do abraço da adiada despedida.
Minhas mãos suadas e trêmulas soltaram-se e eu deixei, larguei, não sei.
Por favor, não espere minha volta, partida.

terça-feira, 19 de agosto de 2008

cansaço

Estou cansada, minhas costas estão pesadas, não tenho tempo para mais nada;
talvez eu cante uma velha canção ao som de uma gaita...

sexta-feira, 25 de julho de 2008

Somente elas.

Vou começar por Fabiana. Ela á aquela elegante, apaixonante, pronta a ajudar. Inspira confiança, sinceridade, serenidade. É luz, apesar de já ter vivido bem seus dias negros e tristes e feito da dor uma aprendizagem, uma segunda chance, uma renovação. Mas é luz, descanço para a alma, poesia em forma de atitude, beleza fina. Fabiana é um luxo, um fluxo, parece ter vindo de estrela, apesar de ser um brilhante raio de sol.
Ana é mãe. Engraçada, espontânea, fala pelos cotovelos, entra na onda, até arrisca uma dança, ela gosta mesmo de sentir-se rodeada de gente, de gargalhadas gostosas, de abraços carinhosos. É curiosa, nostálgica, coração aberto. Ana sabe como ninguém entregar-se, deixar-se envolver, oferecer descanso, consolo, um bolo. É um doce embrulhado numa caixinha de supresas pequenina.
Franciny é explosiva, pura energia, agitação, reboliço. Quando ela chega tudo ilumina, uma música começa a tocar, as pessoas acordam e começam a andar rápido para acompanhar o seu ritmo. Ela é corajosa, prestativa, impulsiva, manteiga derretida. Franciny é uma menina, moleca, uma rosa que desabrocha forte, cheia de vida, de sonhos, de esperanças.
Vilma é observadora, quieta, centrada, intelectual, cheia de boas maneiras e mil e uma habilidades. É acolhedora, sabe ouvir, solidária, dá conselhos sempre precisos e tem uma generosidade e um caráter surpreendentes. Vilma é aquela companheira de todas as horas, uma valsa clássica dançada em sintonia perfeita, uma lembrança gostosa que não sai da cabeça, um olhar verdadeiro, um cristal valioso e transparente, jóia rara, orquídea que floresce apenas uma vez no ano.
Daniela é um vento forte, uma tempestade inesperada, um balanço das ondas num mar agitado. Um chocolate amargo que depois de apreciado tantas vezes torna-se doce, saboroso, impossível viver sem. Tem uma personalidade forte, um jeito imponente, autoritário...mas é de sua prórpia natureza e isso, ninguém tira dela. Ela nasceu para ser líder, brilhar, andar de um lado para outro em busca de soluções imediatas e que funcionem, de um jeito ou de outro. Dani é o doce do amargo e leve, porém ácida.
Cintia é calma, tem as respostas na ponta da língua, quer resolver tudo na mesma hora e vive enrolada. Tem a cabeça nas nuvens e parece nunca andar com os pés no chão. É responsável, prestativa, educada, pensativa e acolhedora. Precisa aprender a escutar um pouco mais, apesar de já saber definir bem tudo o que vai fazer. Busca seu espaço, luta por seus ideais, tem boas idéias, perspectiva de vida, sede se aprender e de ser melhor. Cintia está no caminho certo. Ela é firme, forte e tem o que poucas pessoas hoje em dia têm: vontade, disponibilidade de mudar, perseverança.
Leide chegou agora, veio de fininho, com os olhos cheios de dúvidas do que ia encontrar pela frente, mas com uma ajuda aqui e outra ali já definiu bem o seu lugar. Leide é rosa. Uma bonequinha de porcelana, delicada, sensível, amável. Tem carisma, boa vontade, é preguiçosa, charmosa, vaidosa, romântica. Parece ser tudo ao mesmo tempo: menina, mulher, mãe, esposa, amiga. E sabe conciliar tudo isso com toda sutileza e calma possível. Leide, com todo o brilho e doçura da palavra é uma verdadeira princesa.
àquelas que trabalham comigo e tornam os meus dias mais felizes com os seus sorrisos.
Obrigada.

sábado, 19 de julho de 2008

não sei ser poeta.


Costumo vir até aqui escrever sobre minhas dores mal sofridas, minha ânsia de viver a vida, meu espírito aventureiro, minha alma arredia, tão aversa a regras e conceitos... Vomito aqui todas as minhas frustações, meus sonhos mágicos de bem-me-quer, minhas estradas, meus gritos mudos, minhas veias pulsantes e minha nostálgica saudade prematura de tudo ou todos. Estive pensando em escrever metáforas, viajar em nuvens, adoçar um pouco a solidão de quem passa, com contos fora de hora e poesias mal terminadas. Pensei em escrever cartas e colocá-las numa garrafa, um verso tímido, uma estória de heróis que sempre escapam, uma ou duas palavras que rimem ou pelo menos tenham um pouco de graça...
Mas, só peço perdão. Eu nasci assim, então sou assim. Tão crua e espôntanea que rimas perdem-se em minhas memórias. Continuarei escrevendo o que sempre escrevi, o que sei fazer, o que gosto e o que me diz. Gosto de arriscar, de jogar um dado não viciado no ar e esperar pelos números da sorte...mas dessa vez não. Arriscar e não ser feliz não faz parte dos meus planos. Só encontro a mim mesma assim: nessa prosa gostosa e preguiçosa que estou acostumada a ter com vocês, nesse vai e vem de sentimentos e vagas lembranças, esse falatório sem eira nem beira, meus beijos demorados... tão meus, que se não fossem dividos não caberia no peito, não seria justo, não seria eu.

sexta-feira, 11 de julho de 2008

Vinte e quatro vezes mais.



Gosto do jeito mais surpreendente de viver a vida. Prefiro surpresas, mesmo não tão agradáveis e entusiasmos desavisados, a frases feitas ou horários de uma agenda enumerada com dias e horas de uma semana imaginária. Meu dia tem mais de vinte e quatro horas...eu bem queria que fosse assim, não tenho tempo para só vinte e quatro poucas horas. Prefiro que os minutos se arrastem, me esperem, deixem que eu termine o que comecei. E de tanto precisar de mais horas, já estou certa de que as tenho. Vinte e quatro horas para mim não servem, meu relógio (se é que eu o tenho), tem tempo indefinido, suspenso no ar, até que eu o pare, desligue e não precise mais dele (se é que eu preciso). Prefiro acreditar na vida assim, com toda a urgência que ela possa vir a ter. De que servem os horários marcados, as divisões de um calendário? Surpresas me interessam muito mais. Não acredito em nada premeditado. A vida é de repente, as coisas acontecem subitamente. Vivo sem medir espaços, contar minutos, correr contra o tempo. Do mesmo jeito que o relógio gira automático e cansativamente, eu vivo livre das horas, solta no tempo; esperando apenas o inesperado.

sábado, 5 de julho de 2008

O meu querer.


Quero sim; quero noites mal dormidas, uma taça de vinho na mão, uma música francesa tocando alto e meu corpo sendo levado, embalado, lançado no ar. Quero agonias, aleluias de ser, de estar viva, de sentir esse cheiro bom de gente que parece misturar-se ao doce sabor amargo da solidão esquecida numa gaveta de fundo falso atrás do armário. Quero sentir a saudade mais dolorosa, aquela de apertar tanto a ponto de entorpecer os sentidos, de fazer chorar sem pausa, sem tempo de cessar, sem emoção. Quero sonhar e acordar num ímpeto, quero correr sem rumo, estar perto das nuvens, conhecer o desconhecido, atravessar abismos, evaporar, diluir...
Quero as frutas silvestres amargando na boca, o som do destino cumprindo sua sentença e moldando nossas vidas, os animais selvagens avançando sem visão, um arco-íris de flores cegar-me, um beija-flor batendo suas asas tão rápido quanto o tempo, o tic-tac do imprestável relógio, que serve somente e apenas para atrasar ainda mais nossa breve alegria.
Quero o preto e o branco, o brilho das estrelas, a difusão de cores fascinantes de uma borboleta, o infinito e soberano céu azul. O sol queimando-me, a chuva renovando-me, o mar que me faz renascer. Um sorriso inocente, uma mão firme, um abraço quente, quero você; estar ao seu lado quando acordar, quando eu for e, se não for querer muito, que me espere voltar.
Quero o que é meu de direito, antes e sem mais desespero: eu quero viver.

quinta-feira, 3 de julho de 2008

Nós, por mim.

Dia de meditação, sentimentos misturados,saudade, amor, ternura...
Vazios de alguns dias, plenitude de outros. Lembrei de conversas bobas,dos sorrisos cúmplices,do ato de compartilhar...Tentei sorrir como em outros dias, mas não consegui parar de pensar.
Longe e perto ao mesmo tempo, são dos momentos simples que mais sinto falta. Vou reaprender a conviver com a realidade, fazer desta saudade uma arte... A arte de sentir a brisa, de sentir o sol de inverno,de ouvir a chuva cair sem que estejas aqui, de olhar o céu e fazer amor por telepatia com as lembranças que tenho de "Nós".
Não ligue, não se importe, porque te amo, isso tudo é porque hoje meu coração está na mão da saudade.

domingo, 29 de junho de 2008

...

Minha alma sorri pra vida.

terça-feira, 24 de junho de 2008

Pára-quedas


Chega um momento em que tudo perde um pouco o brilho. Não que ele venha a acabar por completo, apenas fica esquecido, colocado em segundo plano, passado para trás. É interessante como sentir a felicidade deve ser intenso, um momento saboreado delicadamente...nunca se sabe quando se sentirá isso de novo ou quão curto o espaço de tempo entre um sorriso e uma lágrima será. Eu sou daquelas pessoas impulsivas e transitórias que vivem entre espamos instântaneos da alma, pedaços, momentos, reflexos. Sou um meio-termo delicado e complexo. Nunca sei quando um próximo grito será dado, ou um próximo sorriso se libertará. É meio confuso tudo isso, até para mim, que sinto. Não culpo ninguém por não entender meus pequenos delírios e as estranhezas em que vivo. Sou assim mesmo. Apenas preciso que eu me perdoe antes para que todos possam me perdoar em seguida.

quinta-feira, 19 de junho de 2008

Sono.

A morte cada vez me surpreende e entristece mais. Ela deve saber que não a suporto, que desfiz todos os laços com ela. Mas, é ousada essa menina...sempre vem quando se menos espera. Um dia ela chegou e levou a menina dos cabelos cacheados e agora um sorriso largo, vibrante. Não é justo.
É tão estranho: os bons morrem joves.

domingo, 15 de junho de 2008

sonhos e vôos livres.


Absolutamente sou livre. Desde que naci, desde pequena, desde sempre. Gosto da liberdade. O vento no meu rosto, meus pés descalços sem rumo, meu corpo entregue ao acaso... Sou minha, sou sua e de mais ninguém. Não suporto domínios, algemas, sufocos de todos os tipos e de qualquer natureza. Nasci para respirar sem a ajuda de qualquer aparelho, seguir meus intintos, andar sem rumo, sem lei, sem regras. Sou uma rebelada. Nego qualquer tipo de prisão, de auto-controle, de tirania ou grito ecoando no ar. Aliás, odeio gritos. Eles realmente me enfurecem. Não suporto ouví-los. Não preciso tê-los. Nada me entristece mais. Não pense que sou uma louca libertina, inconsciente dos meus atos, que não mereço confiança ou estou brincando com a vida o tempo todo. Eu, simplesmente e por opção única e imutável, sou feita de sonhos, suaves respingos de chuva, um sopro de solidão e muita, muita vontade de viver, livremente; sem nada que impeça os vôos de minha alma, o delírio do meu coração e a minha fé inabalável.

quarta-feira, 11 de junho de 2008

Essas coisas.

Existem coisas pequenas e grandes coisas que levaremos para o resto de nossas vidas. Talvez sejam poucas, quem sabe sejam muitas. Depende de cada um, depende da vida que cada um de nós levou. Levaremos lembranças, coisas que sempre serão inesquecíveis para nós, coisas que nos marcarão, que mexerão com a nossa existência. Marcas... Umas serão mais profundas, outras superficiais, porém todas com algum significado. Serão detalhes que guardaremos dentro de nós e que se contarmos para outros talvez não tenha a menor importância, pois só nós saberemos o quanto foi incrível vivê-los.Poderá ser uma música, quem sabe um livro, talvez uma poesia, uma carta,uma viagem, uma frase que alguém tenha nos dito num momento certo. Pode ser simplesmente um instante, um olhar, um sorriso, um perfume, um beijo. Para o resto de nossas vidas levaremos pessoas guardadas dentro de nós. Umas porque nos dedicaram um carinho enorme, outras porque foram o objetivo do nosso amor. Pensem sempre que hoje é só o começo de tudo...

quarta-feira, 4 de junho de 2008

O pedido



Então entrega-me de presente um beijo teu, amado. Abraça minha alma junto com o calor do meu corpo. Toca meus cabelos suavemente, demoradamente, sem pressa nenhuma; não é preciso controlar o tempo: as horas entendem quando um momento precisa ser imortalizado. Sorri para mim e proporciona-me um suspiro, um descanso, um prazer incontrolável. Invade meus ouvidos com a música dos anjos, com os intrumentos do paraíso, infinito. Toma-me, arrebata-me, guarda-me. Leva-me contigo para teu mundo perdido, quero perder-me em teus abraços, adorar teus gestos, seguir teus movimentos, encantar-me com teus sorrisos e olhares, cuidar-te e curar tuas feridas escondidas, agradecer por te ter logo pela manhã e também ao anoitecer; Deixa eu te ninar, querido. Ama-me e traz tua felicidade para minha vida, agora.

sábado, 31 de maio de 2008

Eu, palavra.


Meu refúgio são as palavras. Sento num canto escondido, longe das coisas vivas e audíveis. Meu tempo é meu. Quero apenas o silêncio comigo. O silêncio, alguns pingos de nostalgia, uma pouca tinta e um papel amassado. Respiro forte. Vai começar a chover. Minha chuva de momentos, tormentos, pecado e salvação. Minha chuva de renovação e puro êxtase. Meu vento fraco e suave acompanhando o turbilhão de idéias desvairadas de minha cabeça. Não penso, começo a sentir. As palavras chegam assim, convidadas pelo toque suave das mãos. Entendo que está na hora de agir. Faz calor, o suor até arrisca pingar, mas eu já estou libertada. Já pulei o abismo, joguei-me ao vento, já sinto o frescor de quem se entrega, se esquece, se liberta, se sente. Enfim, surgem elas: Vívidas, imponentes, salvadoras, donas de meu ser, motivos de meus delírios e alucinações. Palavras, como as adoro; Como adoraria morrer e reviver nelas.

quinta-feira, 29 de maio de 2008

último desejo.


O que você faria se só te restasse esse dia?
Se o mundo fosse acabar,
me diz: o que você faria?

sábado, 24 de maio de 2008

Aquarela de gente.



Tenho uma paixão avassaladora por pessoas. Todas elas me encantam, me sugam, me deixam fora de órbita, me emprestam um ritmo gostoso para conduzir a vida. Pessoas nunca são iguais. Nunca achei ninguém que fosse igual a outro. Não existe. E é justamente, essa peculiaridade, essa individualidade que me enlouquece. Cada qual sabe o que tem de melhor e sai por aí, num ritmo desenfreado emprestando, por onde passa, essa virtude ou pecado escondido. Eu, particulamente, conheço todo tipo de gente e todos me fascinam. Sou exatamente do jeito que sou, por sugar de cada um o que quero e o que eles podem vir a oferecer. Sou uma aquarela de gente, uma mistura de gostos e mau gostos, um encaixe imperfeito, um quebra-cabeça de forças e defeitos, um quadro pintado por várias mãos, um caminho de passos vacilantes e firmes, um filme de atores vivendo histórias reais. Pessoas me encantam. Toda essa gente, toda essa diferença absurda, todo esse sabor que cada um tem, todo o mal que podem vir a causar, toda dor que carregam, toda a forma, todo o brilho, traz para o meu ser uma renovação absoluta e necessária. Ensinam-me tanto, transformam-me tanto... Todos, por mais estranho que seja e incrível que pareça, que passam pela minha vida são registrados com o que acho de melhor: suas vidas.

quarta-feira, 21 de maio de 2008

A saudade cabe dentro de uma caixa.


Peguei aquela velha caixa esquecida num canto escuro do ármario. Estava pesada, desbotada, porém encheu-me de lágrimas. Ali dentro estavam as lembranças mais queridas, um passado novo cheio de felicidade e meus desejos de viver de novo aqueles momentos. Abri, o cheiro era o mesmo...cheirava a saudade. Meus dedos percorreram aquelas cartas amareladas, aquelas fotos imortalizadas pelo tempo. Olhei sem coragem de continuar minha caça ao tesouro esquecido e tão bem escondido. Enfim, mergulhei nos sorrisos que encontrava, nas palavras que saltavam em meus olhos como brincadeiras infantis, no cheiro forte de juventude bem vivida.
Saboreei cada minuto, senti mais uma vez aquele cheiro, olhei triste pela última vez e fechei a velha caixa vermelha.
Guardei-a no mesmo lugar escondido dos muitos anos desde que ela faz parte da minha vida e eu da dela, no entanto, deixei meu coração pulsando dentro dela e voltei para a realidade, menos colorida, com menos amigos em volta, sem cheiro de saudade e sem nenhuma caixa protetora em volta dela.

sábado, 17 de maio de 2008

Dois.







Mistura-se tudo. O sapato dele e a maquiagem dela, a revista de moda, o CD que só ele gosta. Aquele pacote de biscoito que ela sempre joga por debaixo da mesinha de cabeceira e aquela toalha molhada que ele nunca leva de volta para o banheiro e acaba deixando largada em cima da cama. As cartas de amor, os papéis de chocolate no chão, o cheiro dela no ar, a foto dele na parede, o filme que assistiram juntos pelo menos umas vinte vezes, aquela flor que murchou e ainda continua bela, as coisas velhas que ele gosta de guardar, os cadernos coloridos que ela tem, a lembrança do sorriso largo dela, do jeito sério e calado dele... Um aprende a suportar as manias, defeitos e necessidades do outro. É como aprender a ser duas pessoas. Pensar por dois, andar por dois caminhos diferentes que levam a uma só direção, amar duas vezes.
Realmente, o amor é tão completo que só existe se for grande o bastante para preencher dois espaços e ocupar duas vidas.

quinta-feira, 15 de maio de 2008

Um pouco de confiança.


Grito, imploro, eu peço: confie em mim. Rasgue essa cortina de temores infundados e dê-me uma chance sincera. Quantos perdões jão foram dados? Então, deixe-me segui-los, deixe seguir minha linha reta. Estou no caminho certo, não preciso de guias, nem mapas, joguei a bússola fora, já desisti da direção errada, minha vida já está delineada, eu mesma tratei de cuidá-la.
Dói tanto pensar que tudo que falo pode, por ventura, soar falso. Eu já me consertei, deixei de ser um brinquedo torto e virei um ser humano por inteiro. Eu preciso respirar um pouco a paciência que tanto falta, preciso acalmar minha alma. Já sou completa, não precisa me montar, não precisar seguir meus passos nem medir minhas palavras. Eu respondo por mim. Pergunte-me sobre verdades que queira ouvir, eu respondo! Não temo, já esqueci o que é o medo. Não tenho medo. Em seu lugar ficou minha força que é bem mais forte e fiel a mim. Estou calma, fique também. Fale comigo, seja meu abrigo, esqueça esse zum zum zum sem razão nem motivo.
Acredite em mim! Deixe-me viver, preciso respirar, quero ser completa. Deixe-me errar! Quero continuar crescendo, não espero que ninguém venha me salvar, eu sei me cuidar.
Um último pedido, um só suspiro inseguro e sem mais gritos: confie em mim, eu já me sou confiável!

sexta-feira, 9 de maio de 2008

Doçura.



Menina, corre para os braços da vida.
Segue o caminho das flores, esquece das horas das dores.
O tempo do mundo é teu, minha querida.
Balança teus cabelos ao vento, exala esse perfume moreno.
Dança tua valsa arriscada, esqueça de uma vez esse choro sem graça.
Espalha tuas pegadas pequenas, arrisca uma canção colorida.
Sorria para os amantes de sorte, os velhos sábios e fortes, os jovens jogados ao vento.
Espalha esse teu amor ,
capaz de transformar a dor de um sonho perdido
em cor de esperança e sabor de pirulito, menina.

quarta-feira, 7 de maio de 2008

Nova saudade velha.


E de repente tudo muda de tom, perde o sentido, arrisca uma pirueta inusitada no tempo.

Fica meio cinza, que é a cor da saudade, rabiscado de lembranças doces e eternas.

E então começam os apertos sem pausa, que em outros tempos eram adoráveis abraços na alma.

O som, antes alto e insistente, vira um eco vazio, vibrando fraco e sem sentido no abismo da memória.

Saudade vira uma palavra rotineira e sem mais efeito de causa.

Saudade nada mais é do que uma dor de perda disfarçada, um soco no estômago, um olhar perdido no horizonte, um grito abafado na escuridão, uma lágrima contida, uma lembrança esquecida, uma abstinência das emoções, um adeus dado de última hora, um abraço recolhido, um carinho que faltou acontecer. Saudade é você arrepender-se e saber que voltar atrás nunca mais será possível.


aos amigos de minha mais dolorosa saudade.

domingo, 4 de maio de 2008

Feito bolha de sabão.


Pessoas são como bolhas de sabão.
Surgem de um leve sopro, começam miúdas, voando baixinho, até ganharem força, forma, expressão, sentimento e coragem de alcançar os céus.
São transparentes, até acharem uma paisagem, um lugar, um momento ou motivo que as tornem coloridas.
Podem passar despercebidas ou distribuir sorrisos por onde o vento as levarem.
Duram frações de segundos, pequenos intervalos existenciais até um próximo sopro de renovação, mas continuam surgindo incansáveis, belas, brilhantes, delicadas...
Não causam dor alguma, desde que não queiram... Uma bolha de sabão em mãos erradas pode causar um mal irremediável.
E mesmo que o tempo passe, mesmo que as coisas mudem, elas foram importantes na vida de alguém um dia e por conta disso,jamais podem ser esquecidas. Jamais.

sexta-feira, 2 de maio de 2008

Flores, amores e blábláblá.


Caminho numa estrada de pedrinhas coloridas. Cada cor lembra-me uma etapa da vida. Do azul ao amarelo, do rosa ao verde, eu lembro bem desse arco-íris formado, desses momentos guardados, dessa vida em cores, sabores e,também, alguns temores.

Continuo a andar entre flores que desabrocham devagar. Escuto risos miúdos e algumas vozes doces me chamarem. As borboletas brilhantes parecem brincar com os meus sentidos. Me balaçam toda, me atrapalham toda e até chego a pensar que consigo voar junto com elas.

Então, sigo num atalho improvisado, pego carona com o vento, fazendo companhia às nuvens que passam. Os amores que encontro nessa estrada todos foram escolhidos por mim, mas sempre tem aqueles que nos tomam sem avisar. E esses, aah..esses são os mais lindos e preciosos. Então, guardo-os em minha mochila para que não fiquem pelo caminho, mas sigam essa trilha comigo por todos os meus dias.

O sol boceja mais de uma vez e logo entendo que ele vai se despedir. Então eu sento um pouco. Não que eu esteja cansada, mas se eu continuar andando posso perder a lua entrando majestosa e tomando posição no céu encoberto de estrelas. E ela, finalmente chega, espalhando todo o seu feitiço, mostrando toda a sua força e eu, amante dela que sou, paro, sento, aspiro o cheiro da vida com toda a força dos meus pulmões e adormeço em paz.





Mergulhada no orgulho.

Ele diz que sou orgulhosa e defendo-me.

Ele diz: -Você é uma orgulhosa!

E eu digo: -Você que é.

Afinal, quem é mais orgulhoso aqui? Orgulho de quê? Pra quê?

Preciso ter orgulho de outras coisas, a partir de agora.

sexta-feira, 25 de abril de 2008

A arte de trabalhar em um hospital.

Hoje meu dia foi bem agitado, tão corrido que mal vi as horas passarem dentro daquele prédio tão grande. Aquelas paredes frias, aqueles corredores iluminados e aquela agitação habitual, passaram e eu nem me dei conta. O hospital ficou na minha cabeça o caminho todo de volta pra casa, e então nada mais justo do que escrever sobre isso.
Sou supervisora de atendimento em um Hospital, apesar de estudar direito, querer ser juíza, ter que pesquisar na internet sobre assistência social, namorar um engenheiro agrônomo, ter um pai e uma mãe que fizeram administração de empresas e uma irmã aspirante à nutricionista. Se isso é engraçado? É. Eu também acho...mas já me conformei de que a vida nos mostra um leque de caminhos e é preciso, às vezes, percorrer todos eles.
Chego ao hospital ás 7 da manhã, já o encontro com aquele cheiro forte que todo hospital tem, algumas pessoas vêem TV, outras andam de um lado para o outro, os médicos estão mudando seus plantões e aos poucos tudo encontra seu lugar e se encaixa perfeitamente.
Escuto milhões de bom-dia, às vezes, nem respondo de tão apressada. Preciso correr. É incrível como tranformo-me em dez Lucianas, pois preciso estar em vários lugares ao mesmo tempo, mesmo que não possa. As horas passam, os problemas aparecem e eu tenho que estar lá. Ligo para os médicos, corro, falo abundantemente, escuto mais ainda. Essa é minha função: prestar assistência. Ser presente, mesmo que minha cabeça esteja ausente, zelar pelo paciente, puxar a orelha dos médicos, ser implicante, ágil, enérgica. E quer saber? Eu adoro estar em movimento, correr, resolver problemas, olhar para aqueles sorrisos de satisfação e receber um "obrigado, Dona" humilde e verdadeiro.
Não, eu não vou largar meu sonho de ser juíza. Afinal, é um sonho. E sonhos não existem para serem largados. Eu só tenho é que paroveitar essa oportunidade de pisar em outro terreno, explorar novos horizontes, humanizar-me, indignar-me, entregar-me.
Trabalhar em um hospital requer entrega, disponibilidade, luta contínua. E sabe do que mais? Lutar pela vida de um ser humano é um trabalho exaustivo, mas muito gratificante.

Dedico à todos aqueles que enfretam essa luta comigo. Obrigada!

domingo, 20 de abril de 2008

Sobre impulsos e batidas de um coração.

Sou o que se chama de pessoa impulsiva. Ajo de acordo com movimentos e reflexos. Sou exata, muito desesperada, fortemente intuitiva. Chega um impulso, penso pouco e pronto, já fiz. É certo que na maioria das vezes, me atrapalho...e não é pouco. Agir por impulso, ser impulsiva, pode ser realmente perigoso, principalmente para quem o é. É estranho dizer e admitir isso, mas verdade seja dita: impulsividade não é uma grande virtude!
No entando, acredito que as pessoas impulsivas são aquelas que mais agem pela emoção e eu, necessariamente, sou assim. Razões para mim são números e me atrapalho completamente com eles. Gosto de sentir e não de pensar tanto a ponto de desistir de tentar por conta das paranóias escondidas no cérebro. Prefiro seguir meu coração. Ele é um tanto quanto atrapalhado e louco, mas sou grata demais pelas batidas que escuto dele cada minuto do dia. É por ele que posso seguir meus instintos, direcionar meus impulsos e viver. Meu coração, e só ele, sabe exatamente o que vou e devo fazer. Portanto, é só consultá-lo, e assim como suas batidas, a resposta é imediata! Daí vêm os impulsos.
E minha dúvida é : devo prosseguir nos meus impulsos ou controlá-los?
Espero, resignadamente essa resposta. Então, coração, por favor, responde também essa!

sexta-feira, 18 de abril de 2008

a BELA e as Feras.


A morte não é tudo. Não é o final. Eu apenas passei para a sala seguinte. Nada aconteceu. Tudo permanece exatamente como foi. Eu sou eu, você é você, e a antiga vida que vivemos tão maravilhosamente juntos permanece intocada, imutável. O que quer que tenhamos sido um para o outro, ainda somos. Chame-me pelo antigo apelido familiar. Fale de mim da maneira que sempre fez. Não mude o tom. Não use nenhum ar solene ou de dor. Ria como sempre fizemos das piadas que desfrutamos juntos. Brinque, sorria, pense em mim, reze por mim. Deixe que o meu nome seja uma palavra comum em casa, como foi. Faça com que seja falado sem esforço, sem fantasma ou sombra. A vida continua a ter o significado que sempre teve. Existe uma continuidade absoluta e inquebrável. O que é esta morte senão um acidente desprezível? Porque ficarei esquecido se estiver fora do alcance da visão? Estou simplesmente à sua espera, como num intervalo, bem próximo, na outra esquina. Está tudo bem!


Meu Deus, quantas Isabellas ainda irão morrer até que os homens tenham consciência dos seus atos?

Sem palavras diante desse caso.

sábado, 12 de abril de 2008

Roda-viva

Vida. (do lat. vita.) Existência.
O modo como a vida segue realmente me assusta um pouco. A roda girando velozmente, batento forte no chão me deixa um pouco tonta e apreensiva...o que a vida me espera? Ou, pior, o que EU espero da minha vida?
É meio (muito) complicado fazer perguntas a si mesmo, principalmente, quando as respostas são tão confusas. E , diga-se de passagem, a vida é algo muito complicado. Como ela muda, e muda, e muda, e gira. Estar no topo ou no abismo, em questões de segundos, é um dos divertimentos injustos da vida. Como ela nos joga, nos goza, nos saboreia pedaço por pedaço, nos assusta, leva nosso tempo precioso embora, afasta pessoas queridas, nos faz chorar e depois, num piscar de olhos, rir enlouquecidamente. Que delírio surpreendente é viver!
Saber viver é outra questão muito perigosa. Aliás, muitíssimo, eu diria. Nem todos sabem o que fazer e como seguir na vida...mas, isso é questão de cada um. É problema de cada um o que fazer de sua vida e não cabe a mim julgar isso ou aquilo.
Continuo, então, a tentar entender o milagroso espetáculo da vida. Nascer, crescer, viver...de novo essa palavra! VIVER A VIDA! Como ela me persegue, me deixa encurralada, parece um sinal vermelho fechado bem a minha frente. Realmente, a vida que salta dos meus olhos, esse sangue que pulsa em minhas veias, as milhares de batitas em meu coração, o suor que pinga, o sorriso que brilha, a dor que fere, a alegria que enobrece, o vento que acaricia meu corpo me fazem lembrar que estou viva. Sou viva. VI-VA. E esqueço então das perguntas, esqueço de me lamentar pelos momentos perdidos...estou viva. Tenho a vida, estou girando nessa roda enlouquecida! Que me importa as horas, as dores, os rótulos, as regras? Eu quero é viver. Ser, crescer, querer, saber viver e estar viva.

sexta-feira, 4 de abril de 2008

emergência.

Eu tenho que tomar decisões precisas, imediatas e urgentes.
Eu preciso de tempo e estou com pressa.
Deverei resolver isso com aquele velho sorriso amarelo de sempre...
Mas não é minha vontade dessa vez.

domingo, 30 de março de 2008

O amor é cego, surdo e burro.

É bem estranho como as pessoas ficam cegas diante de um estado deprimente de raiva incontida. Diante do perdão mal dado e dos pecados não esquecidos, a falta de confiança realmente toma dimensões assustadoras. Até o inegável parece cair por terra e o que menos se espera de alguém acontece. Não costumo ter acessos de raiva, porém me dói profundamente a injustiça. A falta de fé nas pessoas e a não credibilidade no seu poder de mudança me entristece deveras. A fúria nos olhos de alguém é imagem inesquecível, ferida terrivelmente aberta que se não sara a longo prazo, talvez nunca cicratize. Acreditar em alguém, nas palavras pronunciadas por ele e nos seus atos é algo, realmente, difícil. Porém, quando esse mesmo alguém te enche de exemplos maiores de confiança, talvez escorregue um pouco nas palavras, mas é firme e forte em seus atos, não se deve ir além nos insultos. Essa pessoa merece ser reconhecida, respeitada e ouvida. Creio que não há dor maior do que não saber perdoar e confiar nas pessoas. Sempre ouvi dizer que o perdão é algo feito para si mesmo e não para o outro que recebe. As pessoas são uns problemas, uns problemas lindos. Há pessoas que são uma enorme equação matemática, no entanto a resposta é bem simples, se você estudou e estava preparado para tal resolução. Acredito, fielmente, no poder das pessoas, na força de vontade, nos olhos e verdades escondidas em seus corações. Acredito no amor. É bem verdade que ele me deixa um pouco (muito) cega às vezes e me faz chorar interminavelmente. Porém, para mim, o amor é a verdade jamais contestada e não importa o que se tenha passado, o que se tenha escutado ou sofrido, o amor é capaz de curar, acreditar e, o mais importante de tudo, não deixar que a fé se acabe. Nunca.

sexta-feira, 28 de março de 2008

Os lírios

parte IV
(final)
Luiza ainda estava tonta... Aquele beijo inesperado a deixara sem chão. Apesar da audácia de Eduardo, ela gostara daquele momento. Não podia negar que desejava secretamente esse beijo há muito tempo. Eduardo, muito desconcertado, porém certo do que fizera, sentou-se à sua frente e começou a falar:
-Lu, achei que você tinha me traído. Desconfiei de seu amor por mim e hoje vejo que foi totalmente sem motivos. Comecei a desconfiar de suas saídas inesperadas e demoradas. Você ficava horas fora e me dizia que estava fazendo trabalho da faculdade com as amigas. Só que, secretamente, eu ligava para todas elas e nenhuma sabia onde você estava. -fez uma pausa para olhá-la.
Luiza estava com a cabeça baixa. O que Eduardo falava parecia ferir seu coração como uma faca. E ele continuou...
-Já não aguentava mais escutar suas mentiras um dia sim e outro não. Eu sabia que nada do que você falava era verdade e aquilo me consumia cada vez mais. Decidi, então, segui-la.
-Você me seguiu? Como pôde fazer isso?!
-Achava que você me enganava com outra pessoa! Num dia desses, quando você ligou pra mim, dizendo que não a esperasse para jantar, peguei o carro e fiquei esperando você sair do trabalho. Você saiu pontualmente e foi direto para o estacionamento, muito sorridente, e isso já me preocupou bastante. Porém, não havia ninguém com você. E já que eu chegara até ali, iria até o fim! -parou novamente como se fizesse um grande esforço para lembrar o que falaria a seguir.
-Continuei seguindo-a. Até que você parou em outro hospital. Desceu, pegou sua bata e seus materiais de trabalho, estacionou o carro e entrou. Não entendi absolutamente nada! Minha cabeça girava tanto e eu estava tão desnorteado, que não sabia nem o que estava fazendo ali. Resolvi, então, descer do carro e perguntar ao porteiro sobre você...
Eduardo parecia não conter a emoção. Deixou rolar uma lágrima dos olhos e continuou:
-O porteiro disse que você trabalhava no hospital. Era a nova enfermeira e naquele dia, estava de plantão. Quase desabei. Então tudo encaixou-se perfeitamente... Justamente quando íamos reformar nossa casa, casar e pensar em ter filhos, nosso antigo sonho juntos, eu fiquei desempregado e muito abalado. Você, com esse grande coração, por me amar tanto, resolveu abdicar da faculdade e conciliar um outro emprego para o nosso sonho não cair no esquecimento... Meu Deus, como fui injusto!
Luiza soluçava. Aquilo tudo era doloroso demais para ela. Eduardo, porém, continuou:
-Naquela noite, não consegui voltar para casa. Fui embora. Achava que não a merecia. Que você era boa demais para mim e resolvi sair da sua vida para sempre. Mas, só penso em você a todo momento...por favor, não me deixe!
Luiza, invadida por todo seu orgulho, falou:
-É tarde demais. Realmente, eu me sacrifiquei por você e vi que não merecia nada! Para mim, chega! Não adianta mais se lamentar. Suas lágrimas não vão apagar a solidão e o desprezo que me fez sentir durante tanto tempo e sem ter feito nada! Por favor, vá embora daqui já! Estou cansada, é tarde e não quero vê-lo nunca mais. Obrigada por ter vindo aqui explicar sua covardia! Já o fez! Pode ir!
Eduardo não pôde fazer nada. Luiza tinha toda razão de estar magoada e resolveu não insistir, foi embora batendo a porta.
Luiza então, deixou-se cair no sofá e começou a chorar. Tudo tinha acabado!
Durmiu ali mesmo e acordou, já à noite, com um som de campainha. Estava meio tonta e aquela manhã parecia não ter passado de um terrível pesadelo, que ela desejava esquecer. Quando abriu a porta, teve a mais bela de todas as visões de sua vida: a rua toda estava coberta por lírios brancos, o perfume inebriante invadia todas as casas e tomava conta de todo o ar. No chão da porta, um bilhete com um pequeno lírio ao lado: -um milhão de lírios para alegrar um coração machucado, e eu só preciso de um perdão para alegrar minha vida para sempre. Se tiver mudado de idéia, estou no celular.
Luiza olhou à sua volta e ficou maravilhada com aquela paz que os lírios proporcionavam. Não pensou duas vezes, deixou a porta aberta, apertou o bilhete em suas mãos, inalou mais uma vez o perfume dos lírios e pegou o telefone.

dedicado à todos aqueles que leram parte por parte e me incentivaram para o fim deste conto. Muito obrigada! Beijos

domingo, 23 de março de 2008

cheiro de lírio branco.

Os lírios

parte III
(continuação)
Eduardo amargava seu próprio erro. Via Luiza daquela maneira, distante, e sabia que não poderia culpá-la. A culpa era totalmente sua. Começou a lembrar momentos maravilhosos ao lado dela e deixava escapar suspiros tristes que Luiza percebia. Lembrava daquela vez no parque... Era o primeiro ano deles juntos e Luiza parecia mais bela e radiante do que nunca. Com um vestido florido, cabelos perfeitamente emoldurados numa simples trança, falando sem parar, ela parecia flutuar de tão divina. Confundia-se com as flores e cores que os rodeavam. Luiza era perfeita para ele. Porém, vendo-a ali, imóvel, semblante sério, olhar torturante e os lábios apertados, denunciando sua raiva contida, ele entregou-se ao choro. Nunca imaginou fazer tanto mal à Luiza, fazê-la sofrer, logo ela que só fez amá-lo.
-Por favor, Eduardo! Sem choro. Eu que deveria estar entregando-me às lágrimas não me dou esse direito, para você que não tem motivo algum estar dessa forma! Ora, vamos. É melhor ir embora!
Eduardo parou de chorar. Secou os olhos desajeitadamente e virou-se para ela.
-Choro de ódio. Ódio de mim mesmo. Como pude deixá-la?
-E você faz essa pergunta agora? Só agora? Por que não pensou antes?
-Eu estava cego de ciúmes! Não suportava a idéia de você ter me traído. Depois quando descobri toda a verdade, senti muita vergonha e resolvi ficar desaparecido mesmo. Mas, eu não consigo viver longe de você, meu amor. Por favor, me perdoe!
-Que loucura é essa, Eduardo? Você está passando dos limites! Eu nunca traí você!
-Eu sei, Lu!
-E por que falou isso? Não entendo mais nada. É melhor ir embora, já disse. Você está me deixando tonta!
-Não por favor, deixe-me ao menos explicar para que você entenda por que fui embora. Mesmo que você não me queira mais em sua vida, deixe-me fazê-la entender os motivos da minha covardia.
Luiza parecia estar mais confusa do que em qualquer momento de sua vida. Eduardo estava louco, só podia ser isso! Ou inventara qualquer coisa para voltar sem culpas. No entanto, sempre fora paciente e generosa e sabia que escutá-lo seria amelhor solução.
Olhando para ele, sentia o sangue acelerar em suas veias. A vontade de esganá-lo havia passado. Agora as lembranças invandiam sua alma e a faziam pensar no amor imenso que sentia por ele, apesar de desprezá-lo.
A hora passava rápido, Luiza ,então, resolveu fazer um café para acalmar os ânimos e até para fugir de seus pensamentos.
Meia hora depois, voltou para a sala, entregou o café a Eduardo que agradeceu num sorriso irresistível, sentou-se à sua frente e disse, por fim:
-Pronto, Eduardo. Pode começar com as explicações.
Mal terminara de falar, sentiu o corpo paralisar... Eduardo estava bem à sua frente, olhos colados nos dela, lábios perfeitamente desenhados, sedentos por um beijo... Não conseguiu pensar em mais nada, Eduardo a envolvera num abraço e a beijara energicamente. Só sua consciência gritava alto: -Como você é boba, Luiza!

(continua)

sexta-feira, 21 de março de 2008

Os Lírios

parte II
(continuação)
Luiza não acreditava no que via. Eduardo estava ali, parado bem a sua frente com lírios brancos encantadores caindo de seus braços. Ele sorria sinceramente e isso despertou certa fúria nela. Como sorrir daquela maneira, após ter sumido, deixando-a sozinha? Pensou em bater a porta no seu nariz, mas era um nariz perfeito demais para tamanho estrago. Vendo Eduardo ali, cabelos ao vento, cara lavada, sorriso gostoso, ela parou de negar o inegável: amava aquele homem de todas as formas e apesar de tudo. E ela sempre ouvia e até sabia intimamente que a partir do momento que se ama alguém apesar de alguma coisa, realmente a situação é grave. Então seus pensamentos foram interrompidos pela voz dele.
-Lu, os lírios... pegue-os, são seus. Sei que adora.
Ela estremeceu... lírios brancos. aah, adorava lírios. Sentia um verdadeiro encantamento pela delicadeza deles. Sonhara iúmeras vezes em casar-se de branco esbanjando lírios em suas mãos. Enfim, conseguiu pronunciar qualquer coisa:
-Sim, adoro. Obrigada Dud... éér, Eduardo.
Ele ria:
-Quanta formalidade e que séria você está. Nem parece a Luiza de sempre.
Ela sentia o sangue ferver e a vontade de pular em seu pescoço para esganá-lo aumentava cada vez mais.
-Posso entrar? Preciso conversar com você. - e aproximou-se, tentando tocá-la. Porém Luiza esquivou-se subitamente e olhou-o bem nos olhos.
Ele assustou-se. Via raiva em seus olhos e sentiu o coração bater mais forte. Luiza tornara-se fria, determinada a não tentar aproximação alguma. Porém insistiu:
-Lu, sei que errei. Preciso falar meus motivos e fazer você entender. Por favor, vamos conversar, precisamos conversar.
Luiza não falava nada. Apenas olhava em seus olhos, com aquele ar cansado de quem já escutou muitas desculpas esfarrapadas. Por fim, virou-se, deixou a porta aberta e disse baixinho:
-Entre.

(continua)

domingo, 16 de março de 2008

satisfação.

devido ao corre-corre em que se encontra a minha vida, a falta de tempo para sentar-me e dedicar-me por inteiro ao meu querido refúgio de palavras, ainda não posso terminar meu conto.
venho dar satisfações a quem espera por ver o fim dos lírios brancos. mas, aguardem. não é de minha natureza começar uma coisa e deixar por aí, sem terminar.
um beijo agradecido a todos que passam por aqui. :)

sexta-feira, 29 de fevereiro de 2008

Os lírios.

Acordara assustada. O barulho que ouvia bem perto já era habitual, porém sempre a despertara com um susto. Estava sonhando e por um momento desejou não ter mais que fazer reformas na casa. O barulho era gostoso e estimulante no começo, porém após quase um mês de quebra-quebra tornara-se enlouquecedor e insuportável. Era inescapável, porém, reformar aquilo tudo, deixar a casa com "a sua cara", como sempre desejara. Após acordar e cair em si, passaria novamente a suportar o toc-toc exaustante.
Enfim, achara forças para vencer a preguiça e levantou-se da cama com aquela graça e leveza rotineira. Olhou-se no espelho e gostou do que viu. Finalmente conseguira sorrir após alguns meses negros de solidão e saudade. Estaria começando a esquecê-lo? Nem ela mesmo sabia.
Tomou um longo e merecido banho e vestiu a primeira roupa que encontrou no armário. Era linda, não tinha como ninguém negar. Tinha uma leveza oposta a seu porte altivo e sua robustez precoce. Era ferozmente encantadora e brava.Gostava de andar com a cabeça nas nuvens, porém sempre atenta ao chão. Deixara de ter medo e libertara-se de vez da adolescência. Era uma bela mulher.
Enquanto tomava um café forte e comia algumas torradas, pensava nele e no que estaria fazendo àquela hora. Certamente estaria dormindo... Porém, ao lembrar que era uma linda manhã de sábado constatou que estaria correndo na praça ou talvez tivesse ousado mais e saído para dar um mergulho na praia, como ela mesma pensara em fazer. Mas logo afastou essa idéia da cabeça, não estava disposta a encontrá-lo em qualquer desses passeios e desconsiderou a aventura.
Ligou o som. Tentou não colocar nada falando sobre amores e dores, já estava cheia daquilo tudo, resolveu então escutar o silêncio apenas, e só.
Enquanto perdia-se em pensamentos seu silêncio fora interrompido pelo estrindente toque da campanhia. Resolveu que não atenderia e fingiria não estar em casa, mas diante da insistência não viu outro jeito. Levantou-se furiosa e foi atender a maldita porta.
Quase caiu incrédula no chão, a surpresa foi tanta que perdera totalmente a voz.
Do lado de fora estava ele, com aquele sorriso encantador e lírios brancos nos braços.
-Oi, Luiza. Voltei.

(continua)

quinta-feira, 28 de fevereiro de 2008

Ondas sinápticas.

Impulsiva. Frenética. Sou feita de impulsos. Desenharam-me num impulso e esqueceram de apagar minhas imperfeições tão visíveis e assombrosas. Por favor, não pense que sou assim por sua causa.

quarta-feira, 27 de fevereiro de 2008

Não tenho limites.

Definitivamente, não nasci para fazer rimas, ditar frases feitas, entoar canções cansadas e gastas ou prender-me à métricas, versos e redondilhas. Gosto de liberdade. Prefiro escrever sem limitações ou falsos conceitos de forma e perfeição. Gosto de espalhar-me, expandir-me. Expor meus sentimentos de forma extensa e clara. Não gosto de suposições, indiretas, maquiagens ou qualquer outro efeito e plano de fundo. Sou crua. Escrevo sem saber se vou parar, sem saber em que lugar irei chegar ou talvez se chegarei, de fato. Odeio privações. Não suporto pensar que as coisas têm fim, são programadas, projetadas, acabadas antes mesmo de seus começos. Sou uma apaixonada por palavras, desde que essas tenham força, sejam revolucionárias, quebrem regras e barreiras e sirvam para algo mais que não seja exaustar folhas em branco. Escrevo, somente e absolutamente, para salvar-me de espaços pequenos e que não proporcionem eco. Sou claustrofóbica. Assusta-me vãos escuros e apertados. Anseio pela luz e pela sensação de vento no rosto, corpo jogado ao acaso. Tenho certeza de que não tenho limites.

domingo, 24 de fevereiro de 2008

RE- VIVENDO.


memórias, passado, um relicário.

terça-feira, 19 de fevereiro de 2008

felicIDADE.

Estranho muito a minha forma de sentir a felicidade. Enquanto alguns gritam, correm, espalham aos quatro ventos que são imensamente felizes, eu me calo. Aprecio e saboreio a minha felicidade assim, muda. Talvez escreva um poema, um texto, talvez sorria para os que passam na rua, talvez suspira pelos cantos anestesiada. Mas, sempre eu fico calada. Sinto a felicidade como algo sublime, porém ser feliz é um fato. Todos podemos ser, de diversas formas. No entanto, atingir a felicidade é uma coisa naturalmente normal, normalmente natural. Ser feliz é direito humano e não perfeição divina. Todo dia se é feliz e nem se percebe. Dei-me conta disso tudo nessas "férias forçadas" as quais comentei num texto anterior, no qual reclamava minha condição de quase "doente terminal da falta do que fazer". Parei então para refletir e notei que não há nada que me proporcione mais felicidade do que o tempo. Ter tempo para as minhas miúdas coisas cotidianas, para as sutilezas da minha casa, para a profusão de sentimentos que é a minha mãe, o grito abafado que é o meu pai e o carinho precioso do meu namorado é, realmente, entusiasmante. Sou feliz, aah, como o sou. E se a minha felicidade recebesse um nome, certamente seria: TEMPO.

quarta-feira, 13 de fevereiro de 2008

férias e esperas.

Hoje acordei meio tonta, levantei rápido, corri...para quê tanta pressa? Meus dias têm sido um caleidoscópio intrigante. Acordo e quando olho no relógio a hora já tem passado...rápido demais. Acordo para dormir de novo. Que coisa tão estranha. No entanto, preencho meus dias quase que faltanto tempo. Acho que quanto mais não se faz nada, menos tempo se tem. Sinto falta do corre-corre de sempre. Mas como minhas aulas, naquela gigantesca universidade, só começam em agosto, dei-me férias forçadas e nada legais. Todo mundo já se libertou das férias e eu ainda aqui, presa à ela. Alguém já escutou tamanho absurdo? Alguém que quer livar-se de férias? Pois é...me sinto em outro tempo, em outro momento...enquanto todo mundo anda depressa, pensa depressa...eu arrasto-me entre as horas que passam. Quanta lentidão, vaguidão, cansaço do nada. Enquanto isso, tento ler algo, pensar em algo, fazer alguma coisa que preencha esse vazio de horas exaustas. Sozinha, pois todos já estão ocupados, já andam apressados, já largaram as férias. Bem que o tempo podia passar mais depressa...

terça-feira, 12 de fevereiro de 2008

Por que escrevo?

Sempre falo para as pessoas o quanto gosto de escrever. É um prazer diferente de outros já sentidos, é quase uma libertação de alma e espírito, um refúgio, uma fuga alucinada, uma luz almejada e solitária. Assim como várias pequenas coisas que aprecio...um pôr do sol, uma criança sorrindo, um mar bem à minha frente, imponente, misterioso, encantador. É curioso minha busca por palavras. Ela serve para que eu entenda que não sou tão recortada e limitada quanto pareço ser...sou espalhada. Existem pedaços de mim por toda parte, em todo o ar, tempo e espaço. Encontro-me nas pessoas, nas pequenas coisas já citadas antes por mim. Encontro-me quando escrevo. Esse encontro não é tão habitual quanto eu gostaria que fosse, porém é realizado na hora certa. Escrevo para livrar-me de alguns medos, para dividir um pouco minhas pesadas obrigações e meus infundados anseios. Escrevo, não esperando respostas, mas sim apenas e somente: encontrar-me, enfim.

quarta-feira, 16 de janeiro de 2008

um rumo.

engraçado como a vida é um abismo, longo e escuro abismo. atiro-me nesse precipício sem saber onde me meto, em que me arrisco, o que verei ou talvez, nunca verei. rezo para não tocar o chão, pois sempre soube que o fim de um abismo é tão seco e oco quanto seu começo, e meu eco perdido nunca alcança o chão, mas meu corpo sim. vulnerável e dormente, meu corpo pode partir em mil pedaços após minha chegada, e sinceramente, acho que ele já começara a se despedaçar. entristeço. fico muda, atônita, submersa. escondo-me entre alegrias fingidas ou flashs de felicidade conquistados arduamente. que rumo devo tomar e porque nada encontra seu lugar de encaixe em mim mesma é um enigma enlouquecedor dentro de mim. grito. corro. torno a cair e busco forças para ser mais ou não ser nada mais além de mim, inutilmente. perdida. atordoada. alma aflita. desejo de sair daqui. quero tentar o novo, recuperar o velho, partir para um outro começo, um lugar ainda não visto.