Sou supervisora de atendimento em um Hospital, apesar de estudar direito, querer ser juíza, ter que pesquisar na internet sobre assistência social, namorar um engenheiro agrônomo, ter um pai e uma mãe que fizeram administração de empresas e uma irmã aspirante à nutricionista. Se isso é engraçado? É. Eu também acho...mas já me conformei de que a vida nos mostra um leque de caminhos e é preciso, às vezes, percorrer todos eles.
Chego ao hospital ás 7 da manhã, já o encontro com aquele cheiro forte que todo hospital tem, algumas pessoas vêem TV, outras andam de um lado para o outro, os médicos estão mudando seus plantões e aos poucos tudo encontra seu lugar e se encaixa perfeitamente.
Escuto milhões de bom-dia, às vezes, nem respondo de tão apressada. Preciso correr. É incrível como tranformo-me em dez Lucianas, pois preciso estar em vários lugares ao mesmo tempo, mesmo que não possa. As horas passam, os problemas aparecem e eu tenho que estar lá. Ligo para os médicos, corro, falo abundantemente, escuto mais ainda. Essa é minha função: prestar assistência. Ser presente, mesmo que minha cabeça esteja ausente, zelar pelo paciente, puxar a orelha dos médicos, ser implicante, ágil, enérgica. E quer saber? Eu adoro estar em movimento, correr, resolver problemas, olhar para aqueles sorrisos de satisfação e receber um "obrigado, Dona" humilde e verdadeiro.
Não, eu não vou largar meu sonho de ser juíza. Afinal, é um sonho. E sonhos não existem para serem largados. Eu só tenho é que paroveitar essa oportunidade de pisar em outro terreno, explorar novos horizontes, humanizar-me, indignar-me, entregar-me.
Trabalhar em um hospital requer entrega, disponibilidade, luta contínua. E sabe do que mais? Lutar pela vida de um ser humano é um trabalho exaustivo, mas muito gratificante.
Dedico à todos aqueles que enfretam essa luta comigo. Obrigada!