quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

Presenças Passadas.


Incrivelmente estranho o fato de o presente se entralaçar tão bem com o passado. De mãos dadas cumprem seus destinos, contornam as linhas da vida, pintam as paredes do tempo. Tanta coisa que já passou, há tanto tempo e tanta lembrança viva, crua, nua...que ainda pulsa, que ainda grita. Lembranças nunca morrem e é por isso que são tão doloridas. Lembranças deviam ser apenas lembranças, pensamentos soltos, vozes ecoando longe, imagens rapidamente vistas.
Às vezes até finjo acreditar que o passado não volta, que tudo um dia morre, mas não é assim tão simples. Passado é presente. É acontinuação permitida, o fio da meada, o ponto de partida.

domingo, 6 de dezembro de 2009

Sala de espera.


É com uma serenidade e alegria incomum e gostosa que vejo o final de mais um ano se aproximar. Sinto um gosto de saudade e expectativa, não vou mentir. Porém, a sensação que realmente invade meu ser, nesse momento, é de imenso prazer. Não sei como descrever e realmente é novo para mim, mas a sensação de mais um ano cheio de muita risada, bons momentos, amizades sinceras, um amor veradeiro, danças na chuva, beijos no sol, nascimentos e festa é realmente muito prazeroso. E como passou rápido! Vejo minha vida girar 360 graus em menos de 12 meses e isso me deixa confusa, assustada e muito, muito surpreendida.
Desde o início desse ano, estamos em nosso apartamento novo (aquele perto do mar e do trabalho) e tão pequeno e aconchegante que parece colo de mãe, apesar de essa ser visita nele. Minha irmã, Juliana, continua quieta no mundo dela e sendo o meu oposto, escondendo o que sente e sofrendo calada; porém, conseguiu uma vaga na faculdade e, não há como negar, está mais dedicada e decidida. Aliás, como é decidida! No alto dos seus 18 anos parece um leão feroz e absoluto no seu próprio reino. Minha irmã é difícil, autoritária e um pouco egoísta. No entanto, tem uma maestria e um charme divino, é uma delícia de se ter e, como rainha da selva que é, super protetora e preocupada.
Thiago, e desse eu já falei e falo sempre quando o assunto é amor, é indiscutivelmente um exemplo de ser humano perfeito. Eu sei, não existe perfeição. Mas ele chega bem perto desta. Nunca, em toda a minha vida, conheci alguém tão honesto, solidário, incrivelmente bom e com tão pouco para isso. Thiago é um amor, no sentido mais amplo e abrangente da palavra. Ele é companheirismo, paz, segurança e força. E não pensem que minha visão é distorcida em relação a ele. Ele é isso mesmo, não há como negar. Meus pais, vejo-os menos do que gostaria, porém não mais do que o necessário. Sinto falta da convivência diária, do beijo de boa noite, do olhar carinhoso e das vozes... como me faltam! Aquelas vozes que escutei desde o ventre materno e que parecem memória esquecida dentro da minha mente. Às vezes, pareço esquecer o rosto deles, porém logo as fotografias me lembram do que é inesquecível. Saudade é uma droga mesmo! Porém, meu medo nesse momento não é dela, é de saber e ter a certeza de que daqui pra frente vai ser assim, eles sempre tão distantes, cada vez mais raros em minha vida.
Os amigos são uns poucos tanto e bons. Cada um acrescenta à minha alma um pouco de luz, fé e alegria. Sinto uma saudade danada de uns, um carinho de irmão por outros e uma vontade grande de tê-los por perto. Amigos nunca são demais! Os meus são raros e especiais, e eu, na estranha mania, de querer que eles sejam eternos.
A vida é incomum mesmo! A minha é um palco onde todos os dias, um número novo é apresentado. Aqui não fica o que mais agrada, o que vende mais ou atrai mais público. Aqui, no meu palco, as lições de vida são as que me edificam e me tornam um ser humano completo e preparado para tudo, para o mundo.
Venha, 2010! Te espero...

sábado, 21 de novembro de 2009

Clichê.



Quando, finalmente, resolvo escrever...falta-me palavras. Se vocês estivessem aqui para ver o meu largo sorriso, certamente entenderiam. Sabe aquela velha frase: "uma imagem vale mais do que mil palavras"? Sim, agora eu acredito.

quarta-feira, 26 de agosto de 2009

sofia

Sofia, antes mesmo de te ver eu já te amaria.
Como estou amando agora, como vou amar daqui pra frente, sempre.
Te espero e não canso. Demora tanto, passa tão depressa.
Sofia, já é minha sabedoria, meu caminho, minha dúvida, meu sol, minha canção,
minha razão, emoção.
Vou te cuidar, não quero que tenhas medo, não quero te ver chorar.
És cor, luz e minha vida, agora.
Vivo na espera de você; traga paz, um sorriso, um choro e um destino.
Te dou meu coração, dois corações e uma canção de ninar.

Para Sofia, um dia.

domingo, 21 de junho de 2009

O mar, Roma, ramo,mora, amor.


O amor vem em várias formas. Pensei nisso hoje, logo quando acordei. O amor vem na presença dos amigos, numa saudade, numa reunião de família, num beijo ardente, num abraço sincero. O amor surpeende. Sim. Quem disse que o amor é fixo, imutável e eterno? O amor é pulsação, coração, solidão. Amar é arriscar-se, enlouquecer, aventurar-se. Não adianta procurar o significado da palavra, escrever anúncios no jornal da tarde, consultar cartas, esperar o destino certo. Amor é indefinível, indecifrável, incerto. Por isso, ama-se o proibido, o que não presta ou o que realmente nunca vai dar certo. Amar é diferente de todos os outros sentimentos. Saudade, por exemplo, é tão monótona, é tanto sofrimento. Sente-se saudade de tudo, o tempo todo. Amor não. Não é assim tão fácil, tão táctil, tão esperado. Amor foge mesmo à regras, definições e certezas. Sim, justamente por ser assim, desse jeito, o amor pode dar certo.

segunda-feira, 18 de maio de 2009

Por mim.

Ando bem distante de mim esses dias, distante do que sou, realmente. Procuro-me toda hora em mim mesma, sem nunca me encontrar de verdade. Tenho medo de ter me perdido pra sempre. É estranha essa sensação de perder-se. Pior ainda o medo iminente de nunca se encaixar novamente em meu próprio corpo. Essa alternativa me assusta, de fato. Na verdade, sempre fui meio perdida mesmo, porém vivo encontrando-me por aí. Hoje, já não tenho mais tanta certeza disso. Não sou acostumada a mudanças de alma. Não consigo viver distante das minhas vontades e reais desejos. É inadmissível, até para mim, seguir contra a minha própria correnteza , apesar de nunca estar indo na direção certa. Sou verdadeira demais comigo e com o mundo. Não sei viver contra meu próprio instinto, essa guerra nunca travo, nunca venço.

sábado, 16 de maio de 2009

Quando se ama.

Sempre percebi que algo muito estranho acontecia, era diferente e entusiasmante, era divertido e revigorante. Assim como brisa que sopra suave ou vulcão em total erupção, correnteza furiosa, tarde ensolarada, assim feito rima e canção. A vida tem um modo engraçado de nos fazer perceber as coisas. Pode ser difícil, e quem disse que é fácil? Pode ser suave, livre, verdadeiro. Pode ser doentio, triste e destruidor. É amor.

domingo, 22 de março de 2009

Coisas que a vida ensina.



Espero da vida não um punhado de pó mágico contra a dor, muito menos um caminho de doces ou um céu de cores. Não espero que meus dias sejam apenas rotinas: acordar, levantar, deitar e dormir. Espero impulsos e entusiasmo. Quero vida, uma porção, um prato cheio de vida, por favor! Um sorriso em cada esquina, um abraço em cada estação, um café mais doce do que o habitual gosto amargo da solidão. Chocolate, por favor! Um amor, sem gelo. Menos gelo, aliás. Mais calor, mais aproximação, um rodízio de paixão! Muito mais olhar do que evitar. Quero puxões de orelha necessários, arranhões que ensinam a não mexer onde não se deve ou a respeitar os limites, meu e dos outros. Quero acordar e poder perceber, em primeiro lugar, uma formiga, por menor que seja. Saber o valor das pequenas coisas, ter a tamanha delicadeza de sentir os menores gestos, os mais simples, os eternos. Fazer feliz quem se ama,quem precisa de amor, quem tem amor para dar, mas não sabe, não entende, tem medo de se entregar. Não encarar nada como dever ou esforço, e sim: recompensa, dádiva, resposta. A vida é justamente feita disso: desse doar necessário, esse dar sem querer receber nada em troca; esse é o verdadeiro valor de ser, ser gente. Hoje você é de um jeito, amanhã quem sabe? Tudo, de um jeito ou de outro, muda. Não espero nada. Quero fazer, quero ser... E sendo, vou-me fazendo, desfazendo, refazendo. Para mim, esse é o verdadeiro milagre da vida.

domingo, 15 de março de 2009

Quem sou eu?

Sempre julguei a mim mesma...estranha, misteriosa, enigma. Um ponto de interrogação, uma incógnita, indecifrável. Sou diferente de tudo e de todos, é um fato. Tenho atitudes ousadas demais para mim mesma. É isso que dizem e, piedosamente, estou começando a acreditar também. Dói muito saber que sou vista dessa maneira, que não posso viver do jeito que sempre quis: loucamente, sentindo minha liberdade de espírito, minha verdade, minha cara exposta, tão exposta e tão nua que assusta, que afasta. Sou só, e vivo tão rodeada de gente. É tão engraçado isso. Vivo para me sentir e de repente, me vejo sendo. As pessoas me sentem, me tocam, me querem. Esperam de mim um sorriso e não um olhar fechado, um adeus. Elas me querem perto, me cercam, me sufocam. Não sabem me amar de longe. É sempre tudo tão perto, tão sufocador. Ningém se contenta em me ver apenas, ou em falar uma frase rápido. Querem meu riso, minha maior dor, meu coração egoísta, meu calor exagerado, minha respiração. Querem tudo de mim, minha alma, meu colo e minha risada. Querem me levar, quando o que mais quero é ficar ou ir embora, não sei. É tão engraçado tudo isso.

sábado, 28 de fevereiro de 2009

De olho nas estrelas

Bem, em primeiro lugar, devo agradecer, como dizia a minha avó. A gente sempre tem de agradecer. Mesmo um pisão no pé. Porque podia ser pior. Ganhei alguns presentes, passei um mês na praia, tomei banho de chuva, fiz novos amigos e desfiz alguns enganos. Pintei os muros da casa do interior, plantei a roseira no jardim e consegui me mudar para o apartamento, perto do mar, do trabalho e da felicidade. E nem mesmo algumas pitadas de ressentimentos aqui e ali mudaram meu paladar. O trânsito ainda é um problema e a faculdade me faz rir, apesar de ser o curso mais temido e sério para todos, meu adorável Direito. Porém, continuo convicta de que nada acontece à toa e nunca é para o mal. A gente escolhe os caminhos que precisa aprender. Que levarão àquilo que tanto a gente busca. As lições nunca são indolores. E isso eu ainda não entendo por quê. Acho que é porque mexem com a auto-estima, machucam o amor próprio. Mas é um teste, uma prova de fogo pra gente saber o quanto acreditamos em nós mesmos. E o quanto precisamos dos outros.
Percebo que alguma coisa aconteceu dentro de mim. Não quero mais certas experiências. Outras me são imprescindíveis. O "não", tão fifícil de dizer, de repente bateu à porta com tanta propriedade. Alguma coisa aconteceu. Sei que o importante é respirar. Fundo. Sentindo. E seguir. Não é possível parar. Olho as estrelas, elas me guiam. E também erram o caminho. Não faz mal. Chegar, a gente chega. Só vai demorar mais um pouco.
Não sinto mais pressa. Estou completamente despreparada para 2009 e nada mais pode ser feito quanto a isso. Tem mudança no ar. Olho novamente as estrelas, elas brilham e parecem refletir meus olhos, cheios de esperança, de vida. Então, arrumo meu coração, ainda um pouco assustada, e espero a primeira estrela cadente, aquela que irá realizar meus desejos. De dedos cruzados...

sábado, 7 de fevereiro de 2009

Minha paz.

Estou tão leve, quase flutuo. Sinto meu corpo balançar e arrepiar a cada sopro do vento. O vento não me deixa em paz, me leva, me traz, me deixa, me esquece. O vento só não me lembra do que já passou, do que está por vir e do que certamente não virá. Embalo nessa dança gostosa que o mundo arrisca todos os dias, a volta ao sol, o dia, a noite. O sol me abraça, enquanto a lua me beija misteriosa. O universo me sorri... e eu vou sorrindo para ele.