sábado, 25 de outubro de 2008

O silêncio dos amantes


Já faz umas semanas que recebi um livro. Uma doce surpresa daquele que sabe das minhas maiores paixões, das minhas estranhas manias e do meu ponto fraco quando quer me fazer um agrado. Ele sabe que tenho delírio por livros e da minha rebeldia quase inocente de lê-los em menos de três dias, talvez cinco. O livro chama-se O Silêncio dos Amantes, de Lya Luft. Uma reunião de contos lindos, interligados, apaixontantes...bem do jeito que eu gosto. Todos com um título inicial convidativo e três ou quatro folhas de pura sabedoria e prazer. Uma delícia, um aconchego, uma fuga e refúgio. Alívio imediato. Realmente, uma surpresa linda, inesquecível. O livro fala sobre as relações interpessoais e de como o silêncio está presente nelas. É uma síntese da vida, reune momentos e as miúdas peças do nosso quebra-cabeça cotidiano.Fala sobre morte, vida, suicídio, pais e filhos; Fala sobre sonhos, romances, desejos de voar, paixões aventureiras e traições cruéis e de como o silêncio, por menos intencional que seja, tem uma força incrível. Eu, intimamente sou amante do silêncio. Gosto de escutar minha respiração, o gemido dos pequenos seres, aqueles sons quase silenciosos que só se permitem escutar através da verdadeira comunhão com o vazio, com o nada. Porém o silêncio que se fala no livro é o que trata da falta de comunicação entre as pessoas, da falta de coragem de pronunciar um salva-me ou um adeus que poderia ter sido evitado. Esse silêncio triste que se trava entre os velhos amantes, entre as mães e os filhos que estão crescendo, entre as pessoas que não se conhecem. Esse silêncio corrosivo, destruidor; o silêncio que por ser tão grande fere, destrói, mata e acaba com esperanças, justamente por não criar nenhuma. Ao acabar minha leitura entendi então, o porque daquele presente, do inesperado sorriso esperando-me com uma sacola da livraria. Eu precisava cuidar do meu silêncio, falar e gritar o que estou sentindo e me incomoda tanto, expor minhas vontades, reagir. Ando tão absorta em pensamentos, cheia de trabalho e preocupação que esqueci dele, logo ele...que entende tão bem o meu ser, que está atento a toda mudança, a todo movimento inesperado e essa constante instabilidade que insisto em manter. Essa foi a forma que ele encontrou de não ficar mudo, de me resgatar para a vida dele, de me fazer abrir os olhos e falar. De acabar com essa mania de escutar e guardar, como se fosse mais uma foto envelhecida que vai para o fundo do baú, sendo depois de muito tempo esquecida em meio as dores.
Entendi. Não silenciarei, meu amor.

6 comentários:

Dany Tonolli disse...

Oi ...
Querida!
Obrigada pela visita...
Fica com Deus!
Beijus

Emely disse...

Que bom q ele se fez Presente!

=)

mundo azul disse...

Lya Luft é maravilhosa!

É... O silêncio é muito bom, mas, por vezes precisamos conversar, trocar com a pessoa que está ao nosso lado... Nem todos entendem a linguagem do silêncio e acabam por sentir-se rejeitados...

Muito bonito o seu texto!

Beijos de luz e o meu carinho!

:.tossan® disse...

Obridado pela dica, boa composição esta sua. Abraço

TIAGO JULIO MARTINS disse...
Este comentário foi removido por um administrador do blog.
blog do dudu santos disse...

Adoro os livros de Lya Luft....é no silêncio que acontece as grandes emoções
bjo do artista