
Já faz umas semanas que recebi um livro. Uma doce surpresa daquele que sabe das minhas maiores paixões, das minhas estranhas manias e do meu ponto fraco quando quer me fazer um agrado. Ele sabe que tenho delírio por livros e da minha rebeldia quase inocente de lê-los em menos de três dias, talvez cinco. O livro chama-se O Silêncio dos Amantes, de Lya Luft. Uma reunião de contos lindos, interligados, apaixontantes...bem do jeito que eu gosto. Todos com um título inicial convidativo e três ou quatro folhas de pura sabedoria e prazer. Uma delícia, um aconchego, uma fuga e refúgio. Alívio imediato. Realmente, uma surpresa linda, inesquecível. O livro fala sobre as relações interpessoais e de como o silêncio está presente nelas. É uma síntese da vida, reune momentos e as miúdas peças do nosso quebra-cabeça cotidiano.Fala sobre morte, vida, suicídio, pais e filhos; Fala sobre sonhos, romances, desejos de voar, paixões aventureiras e traições cruéis e de como o silêncio, por menos intencional que seja, tem uma força incrível. Eu, intimamente sou amante do silêncio. Gosto de escutar minha respiração, o gemido dos pequenos seres, aqueles sons quase silenciosos que só se permitem escutar através da verdadeira comunhão com o vazio, com o nada. Porém o silêncio que se fala no livro é o que trata da falta de comunicação entre as pessoas, da falta de coragem de pronunciar um salva-me ou um adeus que poderia ter sido evitado. Esse silêncio triste que se trava entre os velhos amantes, entre as mães e os filhos que estão crescendo, entre as pessoas que não se conhecem. Esse silêncio corrosivo, destruidor; o silêncio que por ser tão grande fere, destrói, mata e acaba com esperanças, justamente por não criar nenhuma. Ao acabar minha leitura entendi então, o porque daquele presente, do inesperado sorriso esperando-me com uma sacola da livraria. Eu precisava cuidar do meu silêncio, falar e gritar o que estou sentindo e me incomoda tanto, expor minhas vontades, reagir. Ando tão absorta em pensamentos, cheia de trabalho e preocupação que esqueci dele, logo ele...que entende tão bem o meu ser, que está atento a toda mudança, a todo movimento inesperado e essa constante instabilidade que insisto em manter. Essa foi a forma que ele encontrou de não ficar mudo, de me resgatar para a vida dele, de me fazer abrir os olhos e falar. De acabar com essa mania de escutar e guardar, como se fosse mais uma foto envelhecida que vai para o fundo do baú, sendo depois de muito tempo esquecida em meio as dores.
Entendi. Não silenciarei, meu amor.
6 comentários:
Oi ...
Querida!
Obrigada pela visita...
Fica com Deus!
Beijus
Que bom q ele se fez Presente!
=)
Lya Luft é maravilhosa!
É... O silêncio é muito bom, mas, por vezes precisamos conversar, trocar com a pessoa que está ao nosso lado... Nem todos entendem a linguagem do silêncio e acabam por sentir-se rejeitados...
Muito bonito o seu texto!
Beijos de luz e o meu carinho!
Obridado pela dica, boa composição esta sua. Abraço
Adoro os livros de Lya Luft....é no silêncio que acontece as grandes emoções
bjo do artista
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