terça-feira, 27 de abril de 2010

Café expresso.




Tomo um café gelado... sim, só assim consigo acordar! Ele desce amargo, talvez seu gosto fique doce ao longo do dia, porém açúcar nunca foi prioridade para mim.
Saio sempre apressada, sempre correndo, distraída e olhando para o relógio. Mal percebo a vizinha da frente, bailarina italiana, que acorda cedo e escuta Beethoven, talvez esteja na ponta dos pés, voando pelo apartamento e fazendo torradas, já que o cheiro é delicioso. O som já virou rotina, é sempre clássico, misterioso e refinado. Assim como ela e seus longos cabelos de sol.
O bebê, no apartamento ao lado, chora alto. Talvez queira colo, leite ou só um pouco de atenção do pai arquiteto e da mão advogada, que nunca têm tempo nem param em casa.
Seu Alfredo, o último vizinho, é mais velho, mora só, não sei se tem filhos, se já foi casado, amado ou deixado. É bem simpático, educado e calmo. Sempre faz sua caminhada matinal na praia. Geralmente chega na mesma hora em que saio. Aliás, meu primeiro bom dia sempre é dele.
Finalmente o elevador chega, entro, olho minha silhueta no grande espelho... pareço exausta. Meus olhos levemente caídos, meu cansaço estampado. Sou o retrato fiel de noites mal dormidas ou mesmo, de uma longa noite de sono, já que as duas hipóteses me deixam, estranhamente, sonolenta. Sempre a mesma coisa.
Começo a sentir falta de ar. Sou claustrofóbica e, definitivamente, morar no vigésimo terceiro andar não ajuda muito.
Chego ao térreo, respiro, o ar entra forte e revigorante. Começo o velho ritual de 'bom dia, estranho' , 'bom dia, querida' , 'bom dia, dia.'
Saio... é a hora da vida. É a hora da roda viva. Mais horas a serem vividas, mais do mesmo ou doses do desconhecido.
Olho ao redor e aí, entendo, como gosto disso! Como é bom viver, sentir-se viva, vida.
Coloco os fones de ouvido e caminho firme...estou mais que pronta; BOM DIA, VIDA!


domingo, 11 de abril de 2010

Identidade, te liberto.


Nunca fui de meios termos, alegrias contidas, metades, quases ou pequenos riscos. Sempre explodi em vida! Dizem isso a mim, quase sempre e, de fato, acredito. Sou explosão. Não me faltam faíscas, não me faltam dimensões, cacos, caos. Sou assim! Como mudar o que é essencialmente seu? Nunca suportei um "eu gosto muito de você!" Ou ama ou não. Odeie, então. Escutei minha vida toda falarem sobre minha ousadia eterna e meu instinto livre, solto. Algumas vezes foram cruciais para minhas decisões, outras vezes foram meu precipício, meu erro escancarado, dilacerado e, também, dolorido. Quem diz nunca se arrepender de nada do que faz, ou mente ou, realmente, não tem consciência ou, ainda, não sente o peso dela. Eu me arrependo sim, de muitas coisas que fiz. Impulsividade sempre foi meu forte mesmo, ué! Então, como não se arrepender do que não se pensa antes de fazer? No entanto, nunca disse que não. Sou honesta demais comigo e com o mundo. Honesta e desmedida... Aonde achar um equilíbrio, onde encontrar um ponto exato de sustentação? Não está nos outros, eu sei. É algo que devo fazer por mim mesma. Mas, como vivi a vida toda sendo assim, é tão difícil e tão cansativo medir, ser medida, contida, milimetricamente encaixada, aonde nem sei. Só de pensar, sinto falta de ar. Continuo, assim, pois. Prefiro respirar e errar, do que acertar e não ser fiel ao meu coração.