sexta-feira, 25 de abril de 2008

A arte de trabalhar em um hospital.

Hoje meu dia foi bem agitado, tão corrido que mal vi as horas passarem dentro daquele prédio tão grande. Aquelas paredes frias, aqueles corredores iluminados e aquela agitação habitual, passaram e eu nem me dei conta. O hospital ficou na minha cabeça o caminho todo de volta pra casa, e então nada mais justo do que escrever sobre isso.
Sou supervisora de atendimento em um Hospital, apesar de estudar direito, querer ser juíza, ter que pesquisar na internet sobre assistência social, namorar um engenheiro agrônomo, ter um pai e uma mãe que fizeram administração de empresas e uma irmã aspirante à nutricionista. Se isso é engraçado? É. Eu também acho...mas já me conformei de que a vida nos mostra um leque de caminhos e é preciso, às vezes, percorrer todos eles.
Chego ao hospital ás 7 da manhã, já o encontro com aquele cheiro forte que todo hospital tem, algumas pessoas vêem TV, outras andam de um lado para o outro, os médicos estão mudando seus plantões e aos poucos tudo encontra seu lugar e se encaixa perfeitamente.
Escuto milhões de bom-dia, às vezes, nem respondo de tão apressada. Preciso correr. É incrível como tranformo-me em dez Lucianas, pois preciso estar em vários lugares ao mesmo tempo, mesmo que não possa. As horas passam, os problemas aparecem e eu tenho que estar lá. Ligo para os médicos, corro, falo abundantemente, escuto mais ainda. Essa é minha função: prestar assistência. Ser presente, mesmo que minha cabeça esteja ausente, zelar pelo paciente, puxar a orelha dos médicos, ser implicante, ágil, enérgica. E quer saber? Eu adoro estar em movimento, correr, resolver problemas, olhar para aqueles sorrisos de satisfação e receber um "obrigado, Dona" humilde e verdadeiro.
Não, eu não vou largar meu sonho de ser juíza. Afinal, é um sonho. E sonhos não existem para serem largados. Eu só tenho é que paroveitar essa oportunidade de pisar em outro terreno, explorar novos horizontes, humanizar-me, indignar-me, entregar-me.
Trabalhar em um hospital requer entrega, disponibilidade, luta contínua. E sabe do que mais? Lutar pela vida de um ser humano é um trabalho exaustivo, mas muito gratificante.

Dedico à todos aqueles que enfretam essa luta comigo. Obrigada!

domingo, 20 de abril de 2008

Sobre impulsos e batidas de um coração.

Sou o que se chama de pessoa impulsiva. Ajo de acordo com movimentos e reflexos. Sou exata, muito desesperada, fortemente intuitiva. Chega um impulso, penso pouco e pronto, já fiz. É certo que na maioria das vezes, me atrapalho...e não é pouco. Agir por impulso, ser impulsiva, pode ser realmente perigoso, principalmente para quem o é. É estranho dizer e admitir isso, mas verdade seja dita: impulsividade não é uma grande virtude!
No entando, acredito que as pessoas impulsivas são aquelas que mais agem pela emoção e eu, necessariamente, sou assim. Razões para mim são números e me atrapalho completamente com eles. Gosto de sentir e não de pensar tanto a ponto de desistir de tentar por conta das paranóias escondidas no cérebro. Prefiro seguir meu coração. Ele é um tanto quanto atrapalhado e louco, mas sou grata demais pelas batidas que escuto dele cada minuto do dia. É por ele que posso seguir meus instintos, direcionar meus impulsos e viver. Meu coração, e só ele, sabe exatamente o que vou e devo fazer. Portanto, é só consultá-lo, e assim como suas batidas, a resposta é imediata! Daí vêm os impulsos.
E minha dúvida é : devo prosseguir nos meus impulsos ou controlá-los?
Espero, resignadamente essa resposta. Então, coração, por favor, responde também essa!

sexta-feira, 18 de abril de 2008

a BELA e as Feras.


A morte não é tudo. Não é o final. Eu apenas passei para a sala seguinte. Nada aconteceu. Tudo permanece exatamente como foi. Eu sou eu, você é você, e a antiga vida que vivemos tão maravilhosamente juntos permanece intocada, imutável. O que quer que tenhamos sido um para o outro, ainda somos. Chame-me pelo antigo apelido familiar. Fale de mim da maneira que sempre fez. Não mude o tom. Não use nenhum ar solene ou de dor. Ria como sempre fizemos das piadas que desfrutamos juntos. Brinque, sorria, pense em mim, reze por mim. Deixe que o meu nome seja uma palavra comum em casa, como foi. Faça com que seja falado sem esforço, sem fantasma ou sombra. A vida continua a ter o significado que sempre teve. Existe uma continuidade absoluta e inquebrável. O que é esta morte senão um acidente desprezível? Porque ficarei esquecido se estiver fora do alcance da visão? Estou simplesmente à sua espera, como num intervalo, bem próximo, na outra esquina. Está tudo bem!


Meu Deus, quantas Isabellas ainda irão morrer até que os homens tenham consciência dos seus atos?

Sem palavras diante desse caso.

sábado, 12 de abril de 2008

Roda-viva

Vida. (do lat. vita.) Existência.
O modo como a vida segue realmente me assusta um pouco. A roda girando velozmente, batento forte no chão me deixa um pouco tonta e apreensiva...o que a vida me espera? Ou, pior, o que EU espero da minha vida?
É meio (muito) complicado fazer perguntas a si mesmo, principalmente, quando as respostas são tão confusas. E , diga-se de passagem, a vida é algo muito complicado. Como ela muda, e muda, e muda, e gira. Estar no topo ou no abismo, em questões de segundos, é um dos divertimentos injustos da vida. Como ela nos joga, nos goza, nos saboreia pedaço por pedaço, nos assusta, leva nosso tempo precioso embora, afasta pessoas queridas, nos faz chorar e depois, num piscar de olhos, rir enlouquecidamente. Que delírio surpreendente é viver!
Saber viver é outra questão muito perigosa. Aliás, muitíssimo, eu diria. Nem todos sabem o que fazer e como seguir na vida...mas, isso é questão de cada um. É problema de cada um o que fazer de sua vida e não cabe a mim julgar isso ou aquilo.
Continuo, então, a tentar entender o milagroso espetáculo da vida. Nascer, crescer, viver...de novo essa palavra! VIVER A VIDA! Como ela me persegue, me deixa encurralada, parece um sinal vermelho fechado bem a minha frente. Realmente, a vida que salta dos meus olhos, esse sangue que pulsa em minhas veias, as milhares de batitas em meu coração, o suor que pinga, o sorriso que brilha, a dor que fere, a alegria que enobrece, o vento que acaricia meu corpo me fazem lembrar que estou viva. Sou viva. VI-VA. E esqueço então das perguntas, esqueço de me lamentar pelos momentos perdidos...estou viva. Tenho a vida, estou girando nessa roda enlouquecida! Que me importa as horas, as dores, os rótulos, as regras? Eu quero é viver. Ser, crescer, querer, saber viver e estar viva.

sexta-feira, 4 de abril de 2008

emergência.

Eu tenho que tomar decisões precisas, imediatas e urgentes.
Eu preciso de tempo e estou com pressa.
Deverei resolver isso com aquele velho sorriso amarelo de sempre...
Mas não é minha vontade dessa vez.